Imagem divulgaçãoAlain Resnais diriguiu um curta documentário em 1955 para marcar o passado, dar memória ao presente, e ao futuro, impedir que calam-se as dúvidas diante da intolerância. Produzido para comemorar os dez anos da libertação dos prisioneiros de campos de concentração, "Noite e Neblina" conta com a sobreposição de imagens coloridas, bucólicas e belas somadas a cenas verídicas, retirados de arquivos.
A temática é apresentada de modo evolutivo, inicia com frgmentos mais leves até despontar no extremo horror, mostrando paredes arranhadas por unhas que relutavam contra a morte e os monte de corpos desumanamente empilhados em buracos. Interpretação e registro, lembrança e questionamento.
Ao final do sensível e impressionante texto de Jean Cayrol, sobrevivente do extrermínio, a película deixa perguntas que não abafam a voz de todas as vítimas. Sela com o público, não apenas uma relação de lamento, mas configura o espectador tão próximo do crime que ele é capaz de reviver o acontecido. Estéticamente belo, poeticamente profundo, entretanto, o que faz o mérito da obra e a capacidade de vencer a omissão.
